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Os efeitos do uso de anti-inflamatórios para aliviar a dor de uma lesão

Os anti-inflamatórios não esteroidais(AINES) constituem uma classe de medicamentos das mais utilizadas na prática médica. São analgésicos de potência moderada e antitérmicos, usualmente prescritos para tratar sintomas e não para curar doenças.

Estas substâncias atuam na inibição das COX 1 e 2(cicloxigenases) que são glicoproteínas envolvidas na produção das prostaglandinas. Estas, por sua vez, estão implicadas nos mecanismos de dor e inflamação.

O envelhecimento populacional mundial tornou as doenças osteoarticulares muito prevalentes favorecendo o aumento no consumo de antiinflamatórios. Além disso muitos destes medicamentos são vendidos sem receita médica facilitando a automedicação e o aparecimento de efeitos colaterais.

Um dos efeitos indesejáveis mais conhecidos é a toxicidade gástrica. Popularmente dizemos que estes medicamentos “irritam o estômago”. Na prática clínica pode haver hemorragia digestiva motivando até a internação hospitalar em UTI.

A partir do ano 2000 novos antiinflamatórios, inibidores seletivos da COX2, prometeram diminuir os efeitos deletérios gastrointestinais porém trouxeram a tona a possibilidade de aumentar o risco para infarto do miocárdio e AVC. Em 2004 o Rofecoxibe(Vioxx) foi retirado do mercado por dobrar o risco de infarto(IAM) e acidente vascular encefálico(AVC) em 18 meses de uso.

Desde 2008 a ANVISA lançou nota técnica exigindo a venda sob prescrição em Receita de Controle Especial, 02 vias, com retenção de uma cópia, dos chamados inibidores seletivos da COX 2, a saber: Celecoxibe, Etoricoxibe, Lumiracoxibe, Parecoxibe e Valdecoxibe.  

Além disso ,nos pacientes em uso de AAS(aspirina) para prevenção de doenças coronarianas e cerebrovasculares ,o uso concomitante de AINES pode aumentar a toxicidade gastrointestinal e diminuir a eficácia da aspirina.

Outros efeitos colaterais prevalentes e graves são:

  • Insuficiência renal aguda
  • Infarto agudo do miocárdio
  • Acidente vascular encefálico
  • Descompensação de Insuficiência cardíaca
  • Aumento da pressão arterial
  • Diminuição da ação dos medicamentos anti-hipertensivos
  • Perda de visão

 A despeito destas considerações não temos motivos para banir estas drogas da prática clínica. A dor é o sintoma que mais aflige a humanidade e são inúmeras as moléstias que podem causá-la.

A prescrição orientada pelo médico considerando a idade, fatores de risco cardiovasculares, fatores de risco gastrointestinais, dose e tempo corretos maximizará os benefícios e minimizará os efeitos colaterais.

 Autor:  Cardiologista Dr Alessandro Milan