O Tratamento Por Ondas de Choque Extra Corpórea é uma nova modalidade de tratamento para os pacientes com problemas músculo-esqueléticos que não melhoram com os tratamentos habituais, tais como tendinites, dores musculares (agudas e crônicas) e falhas na consolidação de fraturas.
Por que a maioria dos pacientes costumam melhorar com os tratamentos habituais, porém muitos ficam com dor e limitação persistente ?
Um das explicações é a formação de tecido chamado fibrose nas lesões crônicas, com alteração dos tecidos dos tendões e músculos, que perdem a elasticidade e sofrem diminuição da circulação sanguínea local gerando dor persistente e espessamento do tendão, deixando de ser somente uma inflamação aguda (tendinite) passando para um estágio crônico degenerativo (tendinose).
As Ondas de Choque são um tipo de energia mecânica e não um choque elétrico, que penetra no tecido lesado de forma radial ou focal, e provoca um fenômeno chamado cavitação, onde micro-bolhas se rompem provocando micro-roturas no tecido degenerado, determinando a liberação de substâncias antiinflamatórias locais e também estimulando um aumento na micro-circulação local.
Este aumento de nutrição no local leva a uma progressiva cura natural do processo inflamatório e degenerativo.
Existem vários modelos de máquinas que, por trabalharem com diferentes intensidades da onda aplicada no local de tratamento, podem tratar tanto lesões musculares como tendinosas e/ou ósseas. Podemos controlar a intensidade da energia, o tempo e a frequência com que as ondas de choque atingem o local a ser tratado. Quando utilizamos baixa energia produzimos alívio da dor e relaxamento muscular, quando se utiliza média energia ocorre a reparação tecidual e com alta energia pode ocorrer a estimulação óssea.
As ondas apenas atuam em tecidos lesionados e não causam nenhum efeito em tecidos normais.
- História da Terapia
1971: 1ª desintegração cálculo renal (Haeusler / Kiefer)
1986: 1ª aplicação em osso de cobaias (Haupt)
1988: 1º tratamento pseudoartrose em humano (Valchanov)
1992: 1º tratamento tendinose calcárea no ombro (Dahmen / Loew)
O tratamento por ondas de choque extra corpórea é usado desde os meados da década de 80 na especialidade de urologia, para o tratamento de pacientes com cálculos renais. Neste segmento, o método também é conhecido como Litotripsia.
No início da década de 90 na Alemanha e Áustria, através de estudos científicos, verificaram que este método de tratamento também era eficaz em patologias ortopédicas, e devido aos bons resultados da terapia, em 1997 foi constituída a sociedade "European Society for Muscoloskeletal Shockwave Therapy (ESMST)".
Com a repercussão dos bons resultados e maior interesse por parte da sociedade mundial de ortopedia, em 1998, foi fundada a sociedade internacional "International Society For Muscoloskeletal Shockwave Therapy (ISMST)". Para saber mais da ISMST, acesse www.ismst.com.
Atualmente 34 países são associados à Sociedade Internacional de Terapia de Ondas de Choque (ISMST) e estão desenvolvendo sua divulgação e resultados. O Brasil é um deles.
- Definição de Onda de Choque
A onda de choque (ou onda de impacto) é um pulso sônico ou uma energia cinética. Sua força de transmissão depende das propriedades físicas do tecido aplicado (líquido ou sólido). Por isso, existem equipamentos específicos para utilização em cada área.
As ondas de choque agem de diversas maneiras:
- ação mecânica: causando formação de micro-bolhas que eclodem fragmentando a fibrose local;
- ação analgésica por intenso estímulo local, liberando enzimas locais que atuam na fisiologia da dor;
- ação vascular: provocar uma congestão vascular e neoformação de vasos.
A terapia é realizada por equipamentos desenvolvidos para uso em ortopedia, e as indicações abrangem patologias de caráter crônico como esporão de calcâneo, tendinites calcificadas de ombro, tendinites de cotovelo, e outras tendinites que não foram solucionadas pelos tratamentos habituais.
O uso das ondas de choque também tem um efeito osteogênico (formador de osso), quando aplicada em pacientes que tiveram fraturas de difícil consolidação, além de outras indicações.
Dependendo do equipamento usado, às vezes é necessário apenas uma aplicação para se obter o resultado. Outras vantagens proporcionadas pelo tratamento são o fato de o método não ser invasivo e, com isso evitar a cirurgia em muitos casos.
• Ondas de Choque na Medicina
A terapia extracorpórea por ondas de choque foi introduzida na medicina na primeira metade dos anos 80 para desintegração de cálculos renais. Desde então, as ondas de choque têm mudado substancialmente o tratamento de urolitíase (“pedra no rim”).
Com o passar dos anos, a terapia por ondas de choque firmou-se como o padrão, passando a ser a primeira escolha para o tratamento de cálculos renais e ureterais.
• Ondas de Choque na Ortopedia
A partir da década de 90, o avanço tecnológico representado pelo tratamento por ondas de choque atingiu a ortopedia e caminha para se consolidar como uma excepcional alternativa de tratamento, principalmente nos casos mais resistentes.
A idéia do uso do tratamento por ondas de choque para doenças ortopédicas é ainda mais ambiciosa que na urologia. É estimular o processo de cura biológica em tendões, tecidos circunvizinhos e ossos. As diferenças, além dos objetivos biológicos, estão na intensidade e na focalização das ondas de choque.
Apesar dos resultados extremamente favoráveis, até o momento o mecanismo exato de funcionamento das ondas de choque no organismo não é totalmente conhecido.
Há duas teorias básicas que explicam seu efeito benéfico no sistema musculoesquelético. Uma baseia-se em micro lesões que as ondas provocam no tecido-alvo (tendões, periósteo, osso esponjoso), sem danificar os tecidos adjacentes. Estas micro-lesões seriam o estímulo inicial para o processo de reparação.
Uma segunda teoria baseia-se na produção de óxido nítrico na área atingida pelas ondas de choque. Este óxido nítrico produzido desencadearia uma reação enzimática que estimula o crescimento vascular na área atingida.
A ortopedia e a traumatologia já usam o tratamento extracorpóreo por ondas de choque para tratar tendinites de inserção, depósitos de cálcio em tendões e a não união ou retardo de consolidação óssea.
O tratamento por ondas de choque aplicadas ao sistema musculoesquelético pode iniciar os seguintes processos:
- alterações estruturais no tecido;
- estimulação de crescimento ósseo;
- estimulação do processo regenerativo dos tecidos;
- alterações estruturais no depósito de cálcio seguido por reabsorção de cálcio pelo organismo.
Este método deverá ser prescrito somente por um médico, que fará uma avaliação clínica de cada caso.
O tratamento não é invasivo. Não há nenhum tipo de sangramento visível. Não há cicatriz. É totalmente ambulatorial. Não há a necessidade de hospitalização. Na sala de tratamento, o paciente será acomodado de maneira a estar sentado ou deitado, dependendo da região a ser tratada. O equipamento será acoplado diretamente na área do corpo a ser tratada e em seguida se iniciará a emissão das ondas de choque.
Um tratamento de terapia por ondas de choque tem duração média de 30 minutos, desde acomodar o paciente até o seu término.
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